domingo, 28 de fevereiro de 2010

Tudo Se Ilumina ...


Olá, pessoal.
Mas este blog anda meio parado, vocês não acham ?
Bem, deixando isso de lado, vou aproveitar o espaço para falar com vocês novamente sobre livros.
Já falei de dois e , seguindo o pensamento de meu mestre Richard Rorty, e é algo que já havia escrito antes em outro post, acredito que são os romances que nos mostram mais de perto o comportamento humano, muito mais do que ensaios psicológicos, sociológicos, filosóficos ou qualquer "lógicos" que possam surgir. Como ele dizia : "Creio que as histórias tristes sobre padecimentos concretos muitas vezes são um melhor caminho para modificar o comportamento das pessoas que citar regras universais". Minha opinião é a de que estudos do comportamento humano podem ser, também, realizados através das leituras e análises de bons romances ou outros textos literários. Sobre isso há até uma pequena provocação feita por George Stigler, prêmio Nobel de economia em 1982 .. mas depois eu conto....

Voltando aos romances, indico para vocês outro livro do jovem escritor norte-americano Jonathan Safran Foer. Já falei sobre o segundo de seus livros, o Extremamente Alto & Incrivelmente Perto e hoje falarei sobre o seu primeiro livro, publicado quando tinha somente 24 anos, chamado de "Tudo Se Ilumina".

"Tudo se Ilumina" é um romance construído sobre três narrativas completamente diferentes, que seguem paralelas e entremeadas. Alguns capítulos mostram Jonathan Safran Foer, personagem fictício homônimo do autor, em sua viagem à Ucrânia em busca de Augustine. Em sua jornada, ele conta com a ajuda do estranho Alexander Perchov, jovem ucraniano que lhe serve de guia e intérprete. Outros capítulos são páginas do livro de não-ficção escrito pelo personagem, contando a história de sua família desde o nascimento da aldeia Trachimbrod, no século XVII, até sua viagem de pesquisa ao local.

É um romance sobre busca; por pessoas e lugares que não existem mais, pelas verdades ocultas que assombram qualquer família e pelas narrativas delicadas, tão necessárias em nossos dias, que unem passado e o futuro, o exuberante e o sábio, o histericamente engraçado e o profundamente comovente."

Fica aqui a dica.
Boa leitura.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sobre a educação liberal e a manipulação ideológica.

Olá pessoal,
Dos momentos vagando pela internet voltei a ler os textos do professor Olavo de Carvalho (visite seu site : www.olavodecarvalho.org para mais sobre ele e sua obra - a coletânea de ensaios "O Imbecil Coletivo, em dois volumes, junto com "O Futuro do Pensamento Brasileiro", para mim, foram um sopro de ar fresco em meio à tanta bobagem escrita por tantos "intelectuais" brasileiros).
Deixo aqui com vocês, para reflexão e posterior discussão, um que fala um pouco mais especificamente de educação.
O texto pode ser acessado aqui também : http://www.olavodecarvalho.org/semana/adler.htm

Benfeitor ignorado

Olavo de Carvalho
Época, 21 de julho de 2001

Ele lutou pela verdadeira “educação para a cidadania”

O falecimento de Mortimer J. Adler, aos 98 anos, há cerca de um mês, não foi registrado pela imprensa nacional. Duvido que não haja pelo menos uns poucos brasileiros que devam a esse filósofo e educador o melhor do que aprenderam nesta vida – mil vezes melhor do que poderiam ter aprendido em qualquer curso universitário ou na leitura diária de todas as publicações culturais impressas nesta parte do mundo. Mas, no geral, a cultura nacional está hoje nas mãos de pessoas que ignoram Mortimer J. Adler. Se não o ignorassem, não seriam o que são, nem a cultura nacional a miséria que é.

A diferença básica entre a classe falante brasileira e a americana que ela tanto inveja é, simplesmente, que esta recebeu na escola uma liberal education, e ela não. Adler foi a estrela máxima e a encarnação mesma da liberal education nos Estados Unidos – o educador que, em última análise, fez a cabeça da elite intelectual mais ágil do país mais forte do mundo.

Liberal education é, para resumir, a educação da mente para os debates culturais e cívicos mediante a leitura meditada dos clássicos. Acabo de escrever esta palavra, “clássicos”, e já vejo que não sou compreendido. A falta de uma liberal education dá a esse termo a acepção estrita de obras literárias famosas e antigas, lidas por lazer ou obrigação escolar. Um clássico, no sentido de Adler, não é sempre uma obra de literatura: entre os clássicos há livros sobre eletricidade e fisiologia animal, os milagres de Cristo e a constituição romana: coisas que ninguém hoje leria por lazer e que geralmente são deixadas aos especialistas. Mas um clássico não é um livro para especialistas. É um livro que deu origem aos termos, conceitos e valores que usamos na vida diária e nos debates públicos. É um livro para o homem comum que pretenda ser o cidadão consciente de uma democracia. Clássicos são livros que criaram as noções de realidade e fantasia, senso comum e extravagância, razão e irrazão, liberdade e tirania, absoluto e relativo – as noções que usamos diariamente para expressar nossos pontos de vista. Só que, quando o fazemos sem uma educação liberal, limitamo-nos a repetir um script que não compreendemos. Nossas palavras não têm fundo, não refletem uma longa experiência humana nem um sólido senso de realidade, apenas a superfície verbal do momento, as ilusões de um vocabulário prêt-à-porter. A educação liberal consiste não somente em dar esses livros a ler, mas em ensinar a lê-los segundo uma técnica de compreensão e interpretação que começa com os eruditos greco-romanos e atravessa, como um fio condutor, toda a história da consciência ocidental.

A liberal education é uma tradição nos EUA desde antes da Independência. Adler lutou como um leão para que se tornasse patrimônio de todos os americanos, mas seu sucesso foi só parcial. As universidades principais têm, todas, seus programas de liberal education, mas no ensino médio a idéia não pegou por completo. Hoje a diferença essencial entre a rede de escolas públicas, fábricas de delinqüentes, e as escolas de elite que formam os governantes e os líderes intelectuais americanos é que estas se atêm fielmente à velha educação liberal e aquelas se deleitam em experimentos pedagógicos de “engenharia comportamental” – muitos dos quais inspiram os programas de nosso MEC.

Fala-se muito, hoje, em educação para a cidadania. Mas só há duas maneiras de formar o cidadão: a educação liberal e a manipulação ideológica. Ou o sujeito aprende a absorver os dados da “grande conversação” entre os espíritos superiores de todas as épocas e a tomar posição sabendo do que fala, ou aprende a falar direitinho como seus mestres mandaram, usando os termos com a conotação que desejam, segundo os interesses dominantes do dia. A opção brasileira está feita. Por isso, neste país, poucos souberam da vida ou da morte de Mortimer J. Adler.


domingo, 7 de fevereiro de 2010

Dica de Leitura : O Tecido do Cosmo



Olá, pessoal.
Das últimas leituras que fiz, de um gostei imensamente e por isso divido com vocês.
É o livro do físico norte-americano Brian Greene. Já havia lido o seu primeiro livro, "O Universo Elegante" e fiquei impressionado com a forma com que ele foi capaz de tornar inteligível algo tão estranho quando a física quântica, super-cordas etc. Essas coisas que, ao menos para mim, estão tão distantes e aparentemente sem utilidade alguma para um pragmático consequencialista como eu. Mas surpresa boa é aquela que é capaz de nos tirar de nosso sono dogmático e sacudir nossas idéias de utilidade e ele conseguiu isso de forma elegante, persuasiva e certeira. Poucos autores científicos têm essa capacidade e o Brian Greene é um desses raros mestres, no melhor sentido d palavra.
E este segundo livro, "O Tecido do Cosmo" é sobre o que, vocês poderiam se perguntar. Como o próprio subtítulo diz, é sobre o espaço e o tempo - que são a matéria-prima, por assim dizer, do que entendemos por "realidade".
Com uma linguagem extremamente sedutora, bem-humorada e, principalmente, rigorosa e bem fundamentada na história da filosofia, das ciências físicas e de seus mais recentes desenvolvimentos, Greene do presenteia com uma pequena jóia.
" O espaço e o tempo prendem a imaginação mais do que qualquer tema científico. E por boas razões. Eles compõem o cenário da realidade, o verdadeiro tecido do cosmo. Toda nossa existência - tudo o que fazemos, pensamos e vivenciamos - ocorre em alguma região do espaço durante algum intervalo de tempo."
Deste pequeno trecho já dá pra saber do que se trata e das enormes possibilidades de pensamento.
Fica a dica para todos vocês.
Grande abraço.

Giovanni.